A indústria têxtil no Brasil enfrenta desafios complexos, desde a alta competitividade até a diversidade de operações realizadas por facções de costura. Nesse contexto, a implementação de uma tecnologia têxtil como por exemplo, o Sistema de Execução de Manufatura (MES) pode oferecer uma solução ideal para otimizar processos e aumentar a eficiência do negócios
Neste cenário, queremos ilustrar a inserção de uma solução para o setor, através de um processo factível a partir de um exemplo: a confecção de um casaco com capuz, que inclui detalhes como cadarço no capuz, punhos nas mangas e um bolso frontal, em tecido de mescla cinza e estampa colorida.
Ou seja: um cenário comum, com as complexidades vividas por grandes empresas têxteis no Brasil.
Vamos avaliar a produção
O processo de produção desse casaco pode ser dividido em várias etapas que são críticas e cada uma delas exigindo atenção e muito planejamento, e é neste cenário onde a tecnologia têxtil deverá ser aplicada.
1. Análise de Campo e da Indústria
O primeiro passo para a implementação de um MES é certamente a realização de uma análise detalhada do cenário atual da indústria têxtil, e isso envolve:
- Mapeamento do processo produtivo: Compreender as etapas desde a criação do tecido até a montagem final das peças é essencial e esse mapeamento deve incluir todas as facções envolvidas, suas capacidades (e dificuldades vividas em entregas anteriores) e o papel que desempenham nesse processo.
- Identificação das facções: Levantar informações sobre as facções que participam do processo produtivo. Cada facção pode ter um nível diferente de capacidade técnica e infraestrutura, o que impacta na qualidade e na eficiência. Certamente essa etapa pode ser onde mais acontecem as inseguranças do processo produtivo.
- Análise de dados históricos: Coletar dados sobre a produção anterior, prazos, gargalos e qualidade. Essa análise ajudará a identificar áreas que precisam de melhorias.
2. Criação de Tecido e Tear
Agora, é onde começamos a ver a implementação da tecnologia têxtil de forma concreta, pois nesta etapa a criação do tecido é fundamental e deve ser a prioridade inicial. Neste processo existem algumas ações que incluem:
- Integração com teares: Conectar o MES às máquinas de tecelagem permite monitorar a produção e a eficiência em tempo real.
- Controle de qualidade: Implementar procedimentos rigorosos para garantir que o tecido atenda aos padrões de qualidade, minimizando desperdícios desde o início.
3. Tingimento
Após a criação do tecido, o tingimento é o próximo passo e esse estágio é crucial para garantir a cor desejada e deve ser cuidadosamente gerenciado:
- Automatização de processos: O MES deve controlar automaticamente a temperatura e o tempo de tingimento, garantindo consistência.
- Monitoramento de qualidade: Realizar testes de cor em tempo real, permitindo ajustes imediatos caso algo não saia como planejado.
- Registro de lotes: Manter um registro detalhado de cada lote de tingimento, facilitando rastreabilidade e análise posterior.
4. Estamparia
A estamparia é uma etapa que adiciona valor ao produto e deve ser gerenciada com precisão:
- Gerenciamento de design: Centralizar os designs e facilitar alterações em tempo real para que a produção atenda às expectativas do mercado.
- Planejamento de produção: O MES deve otimizar a programação da produção com base nas demandas de estampa e na capacidade das facções.
- Controle de qualidade: Implementar checklists digitais e monitorar a qualidade das estampas em tempo real.
5. Corte de Tecido
O controle do corte de tecido é essencial para a eficiência da produção e as ações que devem ser recomendadas, incluem:
- Programação de cortes: O MES deve permitir o planejamento detalhado dos cortes com base na produção programada, evitando desperdícios.
- Rastreabilidade: Cada lote de tecido deve ser rastreável para garantir qualidade e evitar falhas no produto final.
6. Montagem: O desafio das facções
A fase de montagem é onde muitos desafios se manifestam e as facções, muitas vezes, são pequenas empresas ou cooperativas que trabalham em locais diferentes, com processos internos muito diferentes da indústria têxtil. Isso, por si só, traz particularidades que precisam ser consideradas:
- Diversidade de processos: Cada facção pode ter técnicas e métodos de montagem distintos, o que dificulta a padronização e o controle de qualidade. O MES precisa ser flexível o suficiente para se adaptar a essas variações.
- Comunicação e coordenação: A comunicação entre a indústria principal e as facções pode ser irregular e, potencialmente, um dos fatores de risco. Neste caso, o MES pode ajudar a melhorar essa comunicação, mas ainda será necessário estabelecer protocolos claros e transparentes para garantir que todos estejam alinhados.
- Variação na mão de obra: A qualidade e a experiência das costureiras podem variar, impactando a qualidade do produto final. Por isso, investir em treinamentos e capacitação é um ponto essencial para elevar o padrão de montagem.
- Falta de infraestrutura: Muitas facções podem não ter a infraestrutura adequada para integrar seus processos a um MES. Nesse caso, o uso de soluções simples, como aplicativos móveis para registro de dados, pode ser uma alternativa viável.
- Relações de dependência: A dependência das facções para a produção pode limitar o controle que a empresa principal tem sobre os prazos e a qualidade. Isso requer um planejamento cuidadoso e a criação de parcerias sólidas.
Produzindo um Casaco com tecnologia têxtil
Vamos agora imaginar um cenário onde essas etapas de produção e uso serão inseridas para a produção de casaco:
- Design e planejamento: Criar o design do casaco, definindo medidas, tipo de tecido e estampa. O design deve incluir detalhes como capuz, punhos, bolso e cadarço.
- Criação do tecido: Utilizar um tear para produzir o tecido em mescla cinza, com monitoramento da produção pelo MES.
- Tingimento: Tingir o tecido conforme especificações, garantindo tonalidades consistentes e documentando cada lote.
- Estamparia: Aplicar a estampa de cinco cores no tecido, usando o MES para programar a produção e monitorar a qualidade.
- Corte do Tecido: Programar o corte do tecido em peças específicas, garantindo que cada componente seja produzido de forma eficiente.
- Montagem: Integrar as facções ao MES para coordenar a montagem do casaco. Isso inclui:
-
- Anexar o capuz ao corpo do casaco.
- Costurar os punhos nas mangas.
- Criar o bolso frontal.
- Adicionar o cadarço ao capuz.
Garanta a melhoria contínua do processo
Além de seguir os passos exemplificados até aqui, a capacitação das equipes é crucial para garantir que todos os envolvidos compreendam o funcionamento do MES e as melhores práticas de montagem. Treinamentos regulares e um canal de suporte podem ajudar a minimizar falhas e garantir a qualidade.
Após a implementação e garantindo que a equipe esteja treinada e adaptada, é fundamental realizar avaliações regulares para garantir que o sistema esteja funcionando conforme esperado. Isso envolve:
- Análise de desempenho: Comparar dados de produção antes e depois da implementação do MES.
- Ajustes necessários: Adaptar o sistema com base no feedback da equipe e na análise de desempenho.
- Inovações: Manter-se atualizado sobre novas tecnologias que possam ser integradas ao MES.
A implementação de um Sistema de Execução de Manufatura para apoiar a tecnologia têxtil pode transformar significativamente os processos produtivos desse setor, especialmente em um ambiente complexo como o alinhamento entre empresas e facções de costura.
Ao seguir um planejamento cuidadoso e integrar as facções à matriz de maneira eficaz, as empresas podem não apenas aumentar sua eficiência, mas também garantir uma maior qualidade em seus produtos. O exemplo da produção de um casaco ilustra como cada etapa do processo é interconectada e como um MES pode ser a chave para a excelência operacional.
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