Conciliar a formação acadêmica e técnica com os conhecimentos sobre gestão, mercado e temas transversais é uma das maneiras de se qualificar para evoluir no mercado.
Sempre que os especialistas em mercado de trabalho são consultados sobre as profissões mais promissoras e de futuro, as atividades que se destacam são as relacionadas com a Tecnologia da Informação. Devido à velocidade das inovações e à necessidade que todas as demais áreas têm para gerar, armazenar e compartilhar dados, a cada ano multiplicam-se as aplicações do setor.
A Tecnologia da Informação é a área do conhecimento responsável por criar, administrar e manter a gestão da informação, por meio de dispositivos e equipamentos para acesso, operação e armazenamento de dados que auxiliem nas tomadas de decisão. As aplicações são muitas e ligadas a diversas áreas, permitindo que os profissionais atuem em segmentos como: banco de dados, desenvolvimento, infraestrutura, redes, segurança, gestão de recursos, entre outros.
Atualmente não há organização que sobreviva sem o suporte de um hardware (computadores, redes, entre outros) e um software (programas para prover a integração de dados), não importa o tamanho ou o ramo do negócio. Isso significa um campo vasto de desenvolvimento para o setor e de mercado de trabalho para quem se prepara, pois a demanda por mão de obra qualificada é sempre maior do que a oferta.
Oportunidades
No Brasil, o déficit é de 40 mil profissionais e deverá chegar a 117 mil até 2015, segundo a Consultoria IDC. Em Santa Catarina são 8 mil vagas abertas e, por falta de opções, muitas empresas buscam profissionais fora ou optam por abrir filiais em outros estados para preencher seus quadros, o que acaba onerando a atividade.
A maior dificuldade para quem contrata é a falta de capacitação, aliada ao perfil imediatista dos candidatos, garante a empresária Maria Ignêz Keske, sócia da WK Sistemas, desenvolvedora de ERPs de Blumenau. “O mercado está aquecido, oferece ótimas oportunidades, mas o ritmo da formação não acompanha a velocidade das demandas. Outra dificuldade é lidar com as características da Geração Y, que tem muitos anseios e impaciência para conquistá-los. É um desafio manter este jovem motivado”.
Para estimular os profissionais, as empresas têm investido em qualificação, por meio de programas de treinamento e estágio. “Estamos contratando pessoas para capacitá-las dentro da empresa, além de oferecer benefícios e adotar um estilo descontraído de ambiente de trabalho, no qual o colaborador possa conciliar a atividade profissional com seus interesses pessoais”, afirma Elinton Marçal, diretor da SCI Sistemas Contábeis.
A Teclógica também valoriza a formação, tanto que instituiu sua própria Universidade, com a missão de capacitar os profissionais nas novas tecnologias e possibilitar o acesso da comunidade aos cursos gratuitos. “Foi a forma que encontramos para suprir nossas próprias demandas”, conta a coordenadora de Desenvolvimento Humano Organizacional, Jussamara Ferreira Vedana.
Mercado
Como o setor de TI não oferece riscos de esgotamento em longo prazo, o investimento que o candidato fizer para se especializar terá retorno garantido. “As oportunidades não estão só na região ou no Brasil. O assédio dos grandes centros mundiais por mão de obra de qualidade é uma realidade”, diz o professor Nader Ghoddosi, doutorando em Engenharia de Automação de Sistemas e coordenador dos cursos de Tecnologia de Informação da UNIASSELVI de Indaial e Blumenau.
A oportunidade da carreira internacional bateu à porta do diretor operacional de Suporte de TI, Eduardo Koch, atualmente lotado na matriz da Albany International nos Estados Unidos. “Comecei em um helpdesk call center num parceiro da Microsoft, de onde surgiu o convite para a Albany. Participei de vários projetos de TI, implantação de sistemas e da rede de cabeamento estruturado da companhia. Do contato com colegas na matriz e de projetos integrados veio o convite para fazer parte da equipe corporativa nos Estados Unidos”.
Koch analisa que o Brasil vive uma época muito boa, com demanda e qualidade de serviços em TI, o que torna a profissão promissora, com grandes oportunidades de desenvolvimento e crescimento, além de boa remuneração
É preciso investir no currículo
As profissões da TI atraem os mais jovens, que desde cedo têm intimidade com as tecnologias e o mundo virtual. Muitos são autodidatas, mas precisam pensar no futuro e investir na formação, para adquirir os fundamentos da computação e os conceitos de sua profissão, desenvolvendo aptidões, competências e atitudes que os preparem para evoluir na carreira profissional.
Este preparo passa obrigatoriamente pela formação acadêmica, segundo Nader Ghoddosi. A experiência autodidata é importante para começar, porém, uma graduação ou especialização pode impulsionar as oportunidades de crescimento. “É mais fácil uma colocação ou upgrade de função para quem estuda. Na UNIASSELVI, 90% dos alunos da área estão no mercado”, revela.
Conhecimentos sobre gestão, mercado comercial e temas transversais associados à sua atividade também são imprescindíveis. “Um software não existe por si. É uma solução para outra área, da qual eu preciso ter informações para desenvolver a melhor resposta ao meu cliente. Por isso, não dá para entrar em uma bolha e pensar só tecnologia. Tem que ter visão do que ocorre ao redor para poder evoluir”, afirma Elinton Marçal.
Mais do que a técnica, as empresas também valorizam atributos como responsabilidade, comprometimento e proatividade. “Aqueles que se propõem a fazer algo mais, que agreguem valor à empresa, com certeza serão recompensados”, explica Maria Ignêz Keske.
Perfil desejado
- Interesse em adquirir e atualizar conhecimentos constantemente (acadêmicos, técnicos e práticos);
- Domínio do inglês e noções de lógica;
- Comprometimento e responsabilidade com o trabalho, a equipe e a empresa;
- Habilidade nas relações interpessoais;
- Proatividade, curiosidade e interesse em apresentar soluções;
- Identificação com a profissão, a área em que atua e a empresa;
- Ter um bom networking e viver conectado com as notícias da região e do mundo;
- Estar atento às oportunidades mercadológicas e às diferentes tecnologias que possam gerar negócios para a empresa;
- Entender que a evolução profissional (e salarial) é resultado dos próprios esforços (em primeiro lugar), por meio dos investimentos na própria formação e qualificação.
Fonte: Jornal de Santa Catarina – 11/02/2014.